quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dedico esse conto aos meus amigos do Facebook
Se você quiser saber o resto da história vá no Amazon.com

                                                               A Maldição


            Viajar de trem na cidade do Rio de Janeiro ou quiçá em qualquer parte do Brasil,é um grande tormento.Infelizmente vivemos num país do qual a legislação é regida para o bel prazer do legislador e sua trupe.Os políticos estão mais preocupados em trabalhar em causa própria,desviando recursos da Saúde,Educação e Segurança. Que poderia melhorar a vida da população que são seus contribuintes. A população mais pobre necessita usar dos transportes públicos, viajam como sardinhas enlatadas. Tive essa experiência dia desses quando precisei usar esse meio de transporte ao me dirigir até a escola em que trabalho, do qual participaria de um evento em comemoração ao dia dos pais.Eu e uma amiga conseguimos a duras penas um lugarzinho exprimido para sentar no trem.
Fiquei observando as pessoas à medida que entravam no trem. Pude verificar que o balanço do trem é sonífero para alguns, principalmente quando entram na condução, idosos e pessoas com necessidades especiais.Esses, tem um lugar reservado mas acabam ficando em pé por que os seus lugares já estão ocupados por pessoas sem respeito com o seu semelhante. Pude observar também que o trem virou lojas de comércio, há tantos ambulantes vendendo a sua mercadoria que faltam pouco jogar o produto sobre os passageiros. Fico horrorizada com tamanho descaramento de alguns ambulantes vendedores de CD,colocam a música tão alta que não conseguimos ouvir as mensagens internas da condução.Tudo bem,eles estão trabalhando é melhor do que fazer coisas erradas,mas respeito e direito existe para todos.O meu direito termina quando o do outro começa.Mesmo que hoje em dia esses valores para alguns já caíram de moda,mas, para mim os valores e os direitos são iguais sempre,em qualquer situação.Quero ter o direito de viajar numa condução sem ter que alugar os meus ouvidos e os meus nervos para que as pessoas possas ganhar dinheiro.Eu pago impostos também.
Nesse dia específico o trem estava com superlotação, mas não foi impedimento para um grupo entrasse trazendo tambores e outros instrumentos musicais
e acompanhando vieram mulheres seminuas,suadas e cobertas de areia da praia,não tiveram nem a sensatez de se lavar,e de embrulho trazia enganchado na cintura um moleque chorão com meleca escorrendo até a boca.Mesmo em meio a esse turbilhão de emoções eu e minha amiga ainda conseguíamos conversar,falar sobre o evento do qual nós nos dirigíamos.Sentado ao meu lado estava um homem que fazia de tudo para ouvir a nossa conversa e num dado momento ele perguntou:
─ Desculpe-me, sem querer ouvi o assunto de vocês e fiquei tão feliz de ver como vocês valorizam esse tipo de festa nas escolas, o carinho com que falam sobre as crianças. Eu poderia participar da festa com vocês?Há muito tempo eu não vou a essas celebrações, pelo que eu me lembro a ultima eu era ainda criança quando eu participei em homenagem aos pais.
Eu poderia participar dessa Celebração? e mataria a saudade que sinto daquele tempo. A última festa em que participei foi quando eu terminava o ensino fundamental e cantei uma canção para o meu pai que estava presente, e todos os pais que ali se encontravam. Quase morri de vergonha, mas, hoje sinto saudades daquele tempo que não volta mais. Ouvindo vocês conversarem sobre isso, meu coração bateu acelerado e me lembrei desse tempo, ainda bem que as escolas não perderam essa sensibilidade de incutir no coração de seus alunos essa forma de homenagear seus pais.
Luzia disse ao jovem que poderia ir sim, sem problemas, pois a festa era aberta a toda comunidade.
O trem parou e eles saíram e seguiram por uma rua estreita que dava direto na comunidade onde fica localizada a escola. Havia ali alguns jovens tomando conta de quem saia ou entrava naquele lugar. Não tiveram problemas quanto a isso porque
Tudo de Mim
       A manhã estava linda, um céu de brigadeiro, mas essa beleza já não me encantava. Meu coração há muito vivia triste. Eu já não era a mesma pessoa de antes.
Naquele dia acordei muito triste, sentindo que nada fazia sentido na minha vida. Eu era uma mulher bonita, cheia de vida, confiante no meu potencial, trabalhadora. Sempre batalhei para ser independente financeiramente e não depender de homem para sustentar-me. Mãe amorosa, me entreguei totalmente a ser feliz e fazer minha família feliz. Mas, a vida já não me sorria, aquele em quem depositei todo o meu amor e carinho já não ligava mais para mim. Ele me olhava, mas não via em mim aquela mulher que outrora amou, ou pensou ter amado. Lembro-me que ele me chamava carinhosamente de: Minha neguinha! Esse carinho já não mais existia agora sós discussões, brigas e desentendimentos de sua parte. Enquanto isso, mesmo com todos esses problemas eu morria de paixão por aquele homem, cada vez que os meus olhos pousava nos dele,sentia meu coração explodir dentro do peito e a cada dia via o meu casamento se destruindo, se é que isso pode ser chamado de casamento. Casamento deve ser vivido por duas pessoas olhando na mesma direção. O meu casamento só eu olhava, só eu queria que desse certo, ele não fazia o menor esforço para salvá-lo. O nosso casamento estava por um fio. Cheguei ao fundo do poço. Até que certa manhã saí de casa com a intenção de acabar com tudo, sim, porque se eu morresse acabaria aquele sofrimento.Caminhei alguns metros,atravessei a rua desnorteada,não ligando muito se algum automóvel me atropelasse seria um presente,assim não precisaria tentar mais nada. Mas não aconteceu, então segui em frente, com o pensamento atordoado, me acabando de tanto chorar. Caminhei até o meio da ponte, não queria correr o risco de cair sobre a copa das árvores frondosas que ali existia. Olhei para os lados, olhei o céu e para o sol que queimava o meu rosto, o vento que soprava os meus cabelos, como forma de despedida. Olhei novamente para os lados e vi as pessoas caminhando e sorrindo enquanto eu chorava por alguém que não merecia sequer uma gotícula daquela lágrima que escorria nesse rosto que tantas vezes ele beijou. Ao me debruçar sobre o para peito da ponte, fiz forças para baixo, para que o meu corpo caísse de uma só vez e eu não ficasse dependurada correndo o risco de me arrepender. Nesse momento derradeiro pude sentir alguém agarrando minhas costas e disse:
─Não faça isso! Pelo amor de Deus!
O homem puxou a minha blusa pelas costas e me retirou daquele lugar, me abraçou e perguntou-me:
O que pensas que estás fazendo?Você não crê em Deu? Você tem filhos?
Nesse momento minhas lágrimas rolaram muito mais do que antes. Lembrei-me que havia deixado o meu filho com uma vizinha e balbuciei:
Perdão meu Deus, perdão meu filho, eu só pensei em mim. Fui egoísta. Como posso dar fim a minha vida para solucionar um problema e esquecer que tenho um anjo me esperando em casa.
Aquele homem me abraçou e seguiu comigo até um bar,comprou uma água e bebi,depois me perguntou:
Você está mais calma?
─Sim, respondi.
─Você quer que eu a leve até á sua casa?
─Não, obrigada, estou bem, até porque se eu aparecesse com um homem em casa eu seria mal interpretada e poderia ser acusada de adultério. Vai saber o que se passa na cabeça das pessoas?
Então eu lhe disse:
Muito obrigada, você foi um anjo que me apareceu no momento em que eu mais precisava. Você salvou a minha vida.
Aquele homem segurou a minha mão, me deu o seu telefone e disse:
Aqui tem o meu nome e o meu telefone, se precisar de mim, não se acanhe em me telefonar.
─Obrigada Rafael.
Aquele homem seguiu o seu caminho e nunca mais o vi, para mim ele foi um anjo enviado por Deus para me salvar e me tirar do desespero. Daquele dia em diante a minha vida mudou. Quando cheguei a casa ajoelhei aos pés de minha cama e rezei, pedi a Deus perdão pelo ato impensado que iria praticar contra a minha vida que me levaria a perder a minha alma. Fiz uma reflexão, passei a minha vida a limpo e descobri que dessa união ficara um lindo filho a quem eu deveria me doar, eu o amava e ele precisava de mim. Eu iria lutar para fazer do meu filho um homem de bem, de caráter e decente. Ele não merecia ser tratado daquela forma por seu pai. E eu não poderia continuar vivendo com uma pessoa que me humilhava, me desdenhava. Eu tinha que me amar primeiro, eu havia perdido a minha personalidade. Eu me entreguei a esse casamento sem reservas, esquecendo que eu era um ser humano que precisava de carinho, mas também de ser respeitada nos meus sentimentos, como mulher e como um ser humano. Mas o que mais me doía era ver a forma que o meu filho era tratado
pelo próprio pai. Era como se ele não existisse. Era indiferente a sua existência,e o meu coração sofria por ver os olhos tristes do meu filho a olhar para o pai com amor e receber um olhar frio,insensível,indiferente.Eu quis mudar esse quadro,não suportava mais sofrer e ver meu filho sofrendo.Ele não pedira pra nascer.
Fiz um balanço da minha vida, os prós e os contras. Percebi que eu era casada, mas não tinha marido. Meu filho era órfão de pai vivo. Eu trabalhava para sustentar meu filho e não tinha ajuda dele para nada na minha vida. Vi que eu era independente e não precisava dele,então o que me segurava para continuar um casamento falido?
A esperança que ele um dia me olhasse e visse em mim a mulher que o adorava e que um dia ele amou. Eu o amava mesmo assim, o coração não escolhe a quem amar, mas a razão deve estar sempre à frente de o nosso agir e pensar, nesse caso eu não tinha nada a perder,pois já não havia mais nada. De que me adiantava amar e não ser correspondida, continuar sofrendo duplamente ao ver meu filho também sofrer. Resolvi então encarar a vida de frente. Eu o deixei e fui continuar a minha vida bem longe daquele lugar. Agora era só eu e meu filho. Não senti muita diferença, porque sempre lutei sozinha. Só descobri que depois que a gente se casa e sai da casa dos pais, tudo muda. Se você precisar voltar vai enfrentar sérias dificuldades, vai sentir como uma estranha, intrusa, um peixe fora d’agua.
Cheguei ao Rio de Janeiro e logo fui a procura de um trabalho.Precisava ajudar nas despesas,minha família era pobre e era mais duas bocas para sustentar.Precisava ajudar minha família,eu dependia deles também.Não foi difícil encontrar um emprego e logo procurei fazer alguns cursos que me levasse a galgar degraus dentro da empresa.Havia muito tempo que eu não trabalhava em grupos,mas logo me adaptei,a necessidade nos faz adquirir forças,e a vontade de vencer me ajudou muito,e logo eu estava sendo escolhida para ser a secretária de um dos Diretores da empresa.
Todas essas mudanças na minha vida não foram suficientes para eu esquecer o meu passado e todas as vezes que eu ouvia nos noticiários que alguém havia se suicidado, me lembrava daquele dia terrível e os momentos angustiantes pelos quais eu passei.
No trabalho os meus amigos observavam que eu ficava sempre distante do grupo,ás vezes aérea como se o mundo não existisse,era nesses momentos que eu me torturava.
A minha vida profissional estava indo de vento em popa, mas o meu coração vivia triste e amargurado.Continuava a amar aquele homem,mesmo depois de todos esses acontecimentos.Quando eu chegava em casa procurava colocar um sorriso nos lábios para que meu filho não notasse a minha tristeza.Apesar de tudo me sentia culpada de vê-lo crescer sem o amor e a presença do pai.Por outro lado ele não tocava em seu nome,coitadinho,ele sofre
calado, para não me deixar sentir culpa por ele estar longe do pai que ele nunca tivera.Meu querido,tão pequeno,mas já um homenzinho e sofrendo as mazelas da vida.
Passaram-se alguns meses e tivemos que voltar aquela cidade. O seu pai havia falecido, e o seu coração chorou de tristeza, de saudades de um amor que nunca tivera e por ter se afastado dele sem ao menos lutar por um espaço no seu coração. E o meu coração chorou por ver o meu amor indo embora com ele sem que ele tivesse compreendido a imensidão do amor que lhe devotava. E por ver a sua derrocada como homem e como ser humano.
A bebida e as mulheres de vida fácil a quem ele valorizava, as que ele preferiu a mim não estavam ali para lhe render homenagem.Somente a sua família,aquela que ele havia desprezado estava ali prestando uma última homenagem e pedindo a Deus que perdoasse os seus pecados.
Daquele dia em diante começaria uma nova etapa da minha vida. Continuo só como sempre estive, como mulher não vejo possibilidade de encontrar um novo amor. Meu coração foi para sempre junto dele, com o único homem que amei na vida. Não há espaço para outro amor no meu coração, pelo menos por enquanto não penso nisso.Quero viver em função de amar e cuidar do meu tesouro,fruto desse amor que nunca mais verei.
Não sei se o tempo será o melhor remédio para curar as minhas feridas,mas,enquanto eu viver jamais esquecerei do homem a quem depositei todos os meus anos e me desprezou.Já me disseram:Nem todos os homens são iguais,você vai encontrar a felicidade.Vai achar alguém e ser feliz...